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Artigo de pesquisadores do projeto Febre amarela BR revela os mosquitos responsáveis pela transmissão durante a estação seca do semiárido mineiro

Publicado: Quarta, 22 de Março de 2023, 08h20 | Última atualização em Quarta, 22 de Março de 2023, 08h30

WhatsApp Image 2023 03 21 at 10.07.29a) Sabethes chloropterus; b) Sabethes albiprivus

Pesquisadores do IFNMG estão entre os autores do artigo “Yellow Fever Virus Maintained by Sabethes Mosquitoes during the Dry Season in Cerrado, a Semiarid Region of Brazil, in 2021”, publicado na semana passada na revista internacional de virologia Viruses. Traduzido para o português, o título do artigo diz “Vírus da febre amarela é mantido por mosquitos Sabethes durante a estação seca do Cerrado, região semiárida do Brasil, em 2021”.

O primeiro autor do artigo, Cirilo Henrique de Oliveira, é egresso do ensino médio e da graduação em Ciências Biológicas do IFNMG-Campus Salinas, para onde retornou como pesquisador bolsista, depois de concluir o mestrado pela Universidade Estadual de Montes Claros (Unimontes). Cirilo participa do projeto “Uso de ferramentas genéticas, matemáticas e tecnológicas para avaliar o risco de transmissão e fortalecer a vigilância do vírus da febre amarela nas cinco regiões brasileiras” - apelidado Febre amarela BR -, financiado pelo CNPq. Também são instituições participantes desse grande projeto a Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), a Universidade Estadual de Santa Cruz (Uesc), a Universidade de Brasília (UnB) e a Universidade Federal de Tocantins (UFTO).

O professor Filipe Vieira Santos de Abreu, que coordena a pesquisa no IFNMG e também é autor do artigo, conta que, com o trabalho de coleta em mosquitos e macacos, realizado em 2021, o grupo de pesquisadores conseguiu identificar em tempo recorde um surto de febre amarela em municípios da regional de Januária. No artigo publicado na revista Viruses, eles relatam, especificamente, os resultados dos testes feitos no Laboratório de Biologia Molecular do IFNMG-Campus Salinas com mosquitos coletados nos municípios de Ubaí e Icaraí de Minas, que foram encontrados em grande abundância, segundo o professor, apesar de a coleta ter sido feita no auge da estação seca na região do Cerrado.

A grande maioria dos mosquitos capturados era do gênero Sabethes. A análise molecular apontou três grupos positivos para o vírus da febre amarela, sendo dois de Sabethes chloropterus e um de Sabethes albiprivus – os pesquisadores afirmam que foi a primeira vez que esta última espécie foi encontrada infectada no Brasil. “Mostramos que o que mantém o vírus da febre amarela circulando na região do semiárido mineiro, especialmente na estação seca, são os Sabethes”, destaca Filipe Abreu.

Para os pesquisadores, resultados relatados no artigo “contribuem para a compreensão da epidemiologia e dos mecanismos de dispersão e manutenção do vírus da febre amarela, especialmente em condições climáticas adversas”. E fazem um alerta: “A intensa circulação viral, mesmo fora do período sazonal, aumenta a importância da vigilância e da vacinação contra febre amarela para proteger as populações humanas nas áreas afetadas.”

5Os pesquisadores Cirilo Oliveira e Filipe Abreu durante as coletas na mata

Três dos autores do artigo são estudantes do IFNMG-Campus Salinas: Maria Eduarda Gonçalves dos Santos e Sandy Micaele Aquino Teixeira (Ciências Biológicas) e Ramon Silva Oliveira (Medicina Veterinária). Entre os autores, há também agentes municipais e estaduais de saúde e agentes do Ministério da Saúde, que atuam na região e auxiliaram nos trabalhos de coleta, além de pesquisadores de outras instituições.

Para mais informações, leia a íntegra do artigo.

Vigilância efetiva

O artigo publicado recentemente na revista Viruses, com as análises feitas em mosquitos, é o quarto publicado com resultados do projeto de vigilância de febre amarela. Segundo Filipe Abreu, os pesquisadores preparam um novo trabalho, desta vez relatando os testes com as amostras coletadas de macacos na região.

O projeto Febre amarela BR teve início em 2020 e finalizará em maio deste ano. Durante o desenvolvimento do projeto, os pesquisadores visitaram 26 municípios da área de abrangência do IFNMG, no semiárido norte-mineiro, em coletas e atividades de treinamento/conscientização de agentes de saúde. Para o desenvolvimento do trabalho, foi de fundamental importância o suporte dado pelos Campi Araçuaí, Arinos, Almenara, Januária, Montes Claros, Salinas e Teófilo Otoni, que acolheram os pesquisadores com alojamento durante os períodos de coleta ou deram outro tipo de suporte de infraestrutura e serviços.

Além das coletas, “em cada município a equipe fazia palestras e conversava com agentes de combate a endemias, sensibilizando sobre a importância de manter o combate da febre amarela”, relata o professor Filipe Abreu. “Treinamos cerca de 200 agentes, criamos grupos de Whatsapp para trocar informações sobre febre amarela em vários munícípios. Agora temos vários ‘olheiros’, vigilantes da febre amarela”, comenta.

Em 2021, esse trabalho conjunto de vigilância, entre pesquisadores e agentes locais, rendeu os primeiros resultados práticos. A presença do vírus da febre amarela foi detectada na região dos municípios de Ubaí, Icaraí de Minas e Brasília de Minas e testes laboratoriais foram realizados, orientando a ação das autoridades de saúde na região. Houve controle vetorial, ou seja, controle dos mosquitos que transmitem o vírus, e as pessoas foram vacinadas. “O surto continuou matando macacos na região, mas nenhum caso humano foi detectado”, afirma Filipe. Os resultados desse trabalho também resultaram na publicação de um artigo científico, em 2022.

Confira outros artigos derivados da pesquisa “Febre amarela BR”:
- Fast surveillance response reveals the introduction of a new Yellow Fever Virus sub-lineage in 2021, in Minas Gerais, Brazil
No Evidence of SARS-CoV-2 Infection in Neotropical Primates Sampled During COVID-19 Pandemic in Minas Gerais and Rio Grande do Sul, Brazil
- Serological Evidence of Orthopoxvirus Infection in Neotropical Primates in Brazil

Saiba mais sobre o projeto Febre amarela BR:
www.febreamarelabr.com.br
www.instagram.com/projetofebreamarelaBR


Conheça também o Laboratório de Análise e Comportamento de Insetos do IFNMG-Campus Salinas:
www.instagram.com/lacoi_ifnmg

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