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Professor do Campus Araçuaí lança livro de poemas e crônicas sobre o Vale do Jequitinhonha

Publicado: Terça, 02 de Julho de 2019, 16h33 | Última atualização em Quinta, 04 de Julho de 2019, 07h17
imagem sem descrição.

Uma conhecida lenda local conta que índios habitantes da região que hoje é o Vale do Jequitinhonha armavam “jequi” – uma espécie de armadilha – para pegar peixes, também chamados de “onhas”, e que no dia seguinte questionavam aos seus filhos: “no jequi tem onha?”. Se a resposta era positiva ou negativa, ou se a origem do nome do Rio Jequitinhonha é realmente essa, não temos a resposta exata, mas após séculos de história, de resistência e de miscigenação cultural, a pergunta não podia ficar sem resposta:

Sim, no Jequi tem nhonha.
No Jequi tem muito mais.
Não é que somos pobres,
Somos ricos até de mais.
Nosso retrato é estampado,
Pela arte que a gente faz.

(estrofe do poema “O Jequi tem onha?”, de Ernani Calazans)

Esta riqueza da arte, das pessoas e dos lugares do Vale do Jequitinhonha estão representados em poesias e crônicas do pesquisador, artista e professor de Artes do IFNMG – Campus Araçuaí, Ernani Calazans, reunidas no livro "Identidades", que será lançado no Campus no dia 9 de julho, a partir das 10 horas no hall em frente ao auditório 1.

Escritos ao longo de 4 anos, os 90 poemas e 5 crônicas surgiram a partir de muitos encontros e andanças pela região. “É um sonho que venho construindo em valorizar minha terra, minha gente e minhas vivências”, diz Ernani, que é natural de Francisco Badaró, onde foi professor da rede estadual por 15 anos antes de entrar para o IFNMG, em 2016.

Além de poeta, cronista e professor, Ernani é também fotógrafo, escultor e pintor. A foto da capa do livro, uma carcaça de vaca sobre a porteira de um sítio, é dele. A parede do biblioteca do Campus Araçuaí recebeu uma pintura de 40 metros quadrados que retrata os principais elementos constitutivos da história, da simbologia e da realidade do Vale do Jequitinhonha.

ernani3O livro foi editado pela editora Fontenele Publicações e pode ser comprado por R$ 20,00 com o próprio Ernani (Este endereço de email está sendo protegido de spambots. Você precisa do JavaScript ativado para vê-lo.) ou na Secretaria de Cultura de Araçuaí (com Dostim). “Este livro diz muito sobre o povo dessa região, suas crenças, costumes e festejos. Trago o cotidiano e os falares do Vale, pois é nessa região que construo conhecimento do quanto é importante valorizar a memória cultural e as pessoas como patrimônio da história contada”, complementa.

 

Abaixo, a íntegra de um dos 90 poemas do livro, “O Jequi tem nhonha?”:

Sim, no Jequi tem nhonha.
No Jequi tem muito mais.
Não é que somos pobres,
Somos ricos até de mais.
Nosso retrato é estampado,
Pela arte que a gente faz.

Temos vilas e vilarejos.
Capelas e catedrais.
Temos cultura de folclore
Lavouras de bananais.
Quando provam nossa comida,
Comer é o que querem mais.

Somos do Jequitinhonha.
De onde as pedras são exploradas.
Ao invés de ficarem lá,
De lá é que são levadas.
Carreta sobe, carreta desce
Pelas estradas asfaltadas.

Nossa feira popular
Tem iguarias e cultura.
Tem nhame e abobrinha,
Urucum e rapadura.
Se quiserem ir ao Vale
Vão conhecer nossa fartura.

Somos um povo humilde.
Essa é a nossa condição.
Cada um com sua sina
Cada sina uma solução.
Quem não come caviar
Come arroz, come feijão.

Talvez seja até melhor
Ter uma vida simplificada.
Do que ter o que não pode,
Querer ter tudo e não ter nada.
Somos humildes com liberdade
Não uma vida alienada.

Alienada pela fortuna
Condicionada ou talvez rude.
Não pensem que lá Vale,
O povo, não tem saúde.
Quem estiver insatisfeito
Faça a mala e se mude.

ernani identidade

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