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Dia Mundial da Água: Vida que brota do esgoto

Publicado: Segunda, 25 de Março de 2019, 08h46 | Última atualização em Segunda, 25 de Março de 2019, 08h49

O Dia Mundial da Água foi comemorado na última sexta-feira, 22 de março. Para celebrar a data e o que ela representa, o portal do IFNMG preparou três matérias sobre projetos desenvolvidos em seus campi com foco na preservação desse recurso essencial à vida. Nesta segunda matéria, vamos conhecer projetos do Campus Januária que envolvem reuso de água em atividades agrícolas. Amanhã tem mais, não deixe de conferir.

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Cultivo de plantas ornamentais em sistema de tratamento de águas residuárias

“O reuso de água é indispensável para a sustentabilidade e a convivência com a escassez de água, cada vez mais frequente.” Se aplicada à realidade de regiões áridas e semiáridas, como o Norte de Minas Gerais, o alerta, feito pelo engenheiro agrônomo e professor do IFNMG-Campus Januária Danilo Pereira Ribeiro, soa ainda mais urgente e pertinente. É assim que o professor justifica a importância das pesquisas que vem realizando desde 2013, sempre com foco no uso racional da água.

Foram 12 projetos até o ano passado, a maior parte com o objetivo de estudar espécies de plantas adaptadas para serem cultivadas com esgoto no Norte de Minas, buscando aliar tratamento e uso do esgoto para a produção de biomassa. Segundo o professor, as principais espécies estudadas são gramíneas que podem ser aproveitadas para alimentação animal e plantas ornamentais.

De acordo com Danilo, o reuso, além de evitar que o esgoto vá parar nos rios, “favorece o cultivo agrícola com elevada produtividade e combate a escassez de alimento para animais no período seco”, ou seja, contribui para a melhorar a oferta em quantidade e em qualidade. É o que comprovam os resultados das pesquisas que ele coordenou, muitos deles publicados em revistas científicas ou apresentados em congressos.

Os resultados apontam, por exemplo, que as gramíneas cultivadas com esgoto no Norte de Minas apresentam produtividade superior ao constatado em trabalhos desenvolvidos em outras regiões. “Isso se torna atrativo especialmente devido à baixa oferta de alimentos no período seco, pois o sistema produz o ano todo, em elevada quantidade, requerendo poda a cada 30 a 60 dias”, comenta Danilo. Além da produção de grande quantidade de biomassa para alimentação animal, Maurício Lopo Montalvão, aluno do 9° período de Engenharia Agrícola e Ambiental, que atuou como bolsista de iniciação científica em projetos coordenados pelo professor Danilo, comenta outras vantagens desse tipo de cultivo: “A utilização de gramíneas é interessante por serem culturas eficientes no tratamento da água [...], sendo essa produção [feita] somente com ao uso de água residuária, evitando, assim, gastos de recursos naturais e financeiros com irrigação e adubação.” O professor Danilo explica que água residuária é o termo técnico mais adequado para se referir a esgoto, palavra que, em geral, é usada em referência a águas residuárias de origem urbana (esgoto doméstico).

Em outra pesquisa, foram selecionadas plantas ornamentais com elevado potencial para uso paisagístico recebendo apenas esgoto ou que podem ser usadas diretamente em sistema para tratamento de águas residuárias. O estudante Maurício também participou de uma das pesquisas que envolveram plantas ornamentais. Ele conta que o objetivo era estudar as plantas que se desenvolveriam bem na região, nessa forma de cultivo, visando um sistema que poderia ser adotado por hotéis-fazenda, empresas, agroindústrias e residências rurais, com tratamento do efluente e manutenção do jardim sem qualquer outra fonte de água.

Em outro trabalho, ainda, conta o professor Danilo, “avaliamos a produção de mudas com espécies nativas e constatamos que a aplicação de água residuária da suinocultura ou soro de leite pode substituir a adubação convencional”. Do rol de pesquisas desenvolvidas com foco no reuso da água, destaque também para os estudos sobre a adaptação de tecnologias para tratamento e uso agrícola de esgoto doméstico na agricultura familiar e sobre o uso de efluentes de laticínio e da suinocultura na produção de mudas de espécies arbóreas nativas.

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Detalhe do crescimento do capim, cultivado com água residuária da suinocultura, em 40 dias

Por trás desses estudos, o professor aponta a intenção de possam gerar resultados efetivamente aplicáveis para favorecer a atividade agrícola na região em que são desenvolvidos. “Nossas pesquisas disponibilizam informações sobre espécies bem adaptadas e produtividades esperadas, informações importantes para agricultores definirem a quantidade de área a ser cultivada e de animais que podem se alimentar”, afirma.

Segundo Danilo Ribeiro, a pesquisa sobre reuso de água no Brasil é ampla, mas, apesar dos bons resultados, a adesão ao reuso ainda é baixo, “pois as pessoas têm muito preconceitos com o esgoto. E faltam técnicos capacitados para trabalhar na área”.

Novos projetos

Para 2019, o professor Danilo tem mais dois projetos aprovados, ambos com foco na racionalização do consumo de água. Um deles já está em andamento: “Avaliação do hidrogel natural da espécie nativa Magonia pubescens A.St. Hil para produção de mudas de espécies arbóreas em região semiárida”. O objetivo é avaliar o uso da substância hidroretentora, ou seja, retentora de água, presente na película da semente da planta conhecida popularmente como tingui (Magonia pubescens A.St. Hil) como facilitador para a produção de mudas, especialmente em regiões áridas e semiáridas. A ideia é tentar reduzir a frequência de irrigação – e, consequentemente, o consumo de água – e o dano da adubação na produção de mudas nativas. “Espera-se definir a dose de hidrogel de tingui que favoreça maior intervalo entre irrigações sem prejudicar o desenvolvimento das mudas e reduzindo os danos de salinização causada pela adubação no substrato, comum em mudas de espécies nativas”, explica. Pretende-se, ainda, como o professor explica, constatar se o hidrogel do tingui favorece o desenvolvimento de mudas, com maior potencial de sobrevivência no campo.

O projeto, coordenado por Danilo Ribeiro, conta com a colaboração dos professores Antonio Fabio Silva Santos e Wagner Siqueira, e de dois alunos, bolsistas do CNPq, sendo um deles o aluno Maurício Montalvão.

Mais informações sobre os projetos coordenados pelo professor Danilo Ribeiro, estão disponíveis na plataforma Lattes.


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