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IFNMG celebra o Dia Mundial da Poesia conversando com quem gosta de versos

Publicado: Segunda, 21 de Março de 2016, 11h54 | Última atualização em Quarta, 23 de Março de 2016, 09h35
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Hoje, 21 de março, comemora-se o Dia Mundial da Poesia. Para celebrar a data, o IFNMG conversou com o chefe de gabinete do Campus Januária e autor do livro “Das janelas do sobrado”, Vicente de Paula Corrêa Bastos.

Lançado em dezembro de 2015, “Das janelas do sobrado”, segundo livro do escritor, reúne 117 poemas que tematizam sentimentos, problemas sociais, modernidade, conflitos humanos, entre outros assuntos transformados em versos. Segundo o autor, seus principais inspiradores são Fernando Pessoa, Cruz e Souza, Raul de Leoni e Augusto dos Anjos. Mas não é difícil se deparar, em “Das janelas do sobrado”, com marcas que lembram outros escritores ilustres da literatura brasileira e estrangeira, como Carlos Drummond de Andrade, Oswald de Andrade, Mário de Andrade, Olavo Bilac, Padre Vieira e Baudelaire. O autor também faz questão de citar o músico brasileiro, nascido no Uruguai, Taiguara Chalar da Silva como provocador de seus versos.

Para a ex-professora de literatura de Vicente, Dora Ney Matos, através de formas poéticas diversificadas, o autor mostra cenas da vida humana em seus múltiplos aspectos, sendo um representante do seu tempo e espaço. “Vicente foi meu aluno no curso de letras e percebi a sua veia poética assim que comecei a ler os textos que ele produzia em sala de aula”, relembra a professora.

Sensibilidade da poesia à prosa

Embora o poeta tenha começado a escrever aos 33 anos, a motivação começou desde criança, por conta do avô, José Teixeira Bastos, que era teatrólogo, e da mãe, Nadege Bastos Corrêa, que era cantora lírica. “Eu julgo que foi um momento na minha vida que eu só pude expressar em versos”, disse Bastos.

Um escritor não quer só escrever, ele quer ser lido. A era digital facilita isso, mas o sonho de muitos escritores é ver suas ideias impressas. Para Vicente, aí está problema: “Escrever o livro é mais fácil que publicar, pelo menos no Brasil é assim. Eu só consegui publicar com a colaboração de colegas e amigos”.

Os versos recentemente publicados, segundo análise da poeta e ensaísta Marli Fróes, impressionam “pela delicadeza e profundidade com que o poeta lê o mundo e escava as imagens, símbolos e sensações que povoam a memória”.

Para Dora Ney, a linguagem utilizada em “Das janelas do sobrado” encontra-se em conformidade com a construção das imagens poéticas e vai além do conteúdo racional coerente, ultrapassa a feição mental nela configurada e apresenta quadros através do conteúdo emotivo, criando, assim, uma realidade própria. “Encontramos um 'eu' que fala das suas emoções, que busca despertar a sensibilidade do leitor através de uma realidade mais criativa, de uma linguagem mais expressiva, de uma confissão de emoções evidenciadas por vias ritmadas. Além da harmonia entre as palavras, o ritmo e a sintaxe, o autor nos faz perceber que a sua poesia busca (re)criar o mundo atribuindo-lhe sentidos linguístico, material ou fantasioso”, considera a professora.

O próximo projeto do autor se distanciará um pouco dos versos, mas não pretende perder a musicalidade da poesia. “Agora vou me aventurar em casos que perpassam o folclore de Januária quando eu era criança”. A obra em prosa já tem nome: “Histórias e Estórias de Beira de Rio”. A previsão é que em 2017 o livro seja publicado.

Leitura que liberta

O Dia Mundial da Poesia foi criado na 30ª Conferência Geral da Unesco, realizado em 1999. O objetivo consiste em promover a leitura e a escrita por meio da poesia. Segundo Dora Ney, as ideias expressas em versos são um instrumento eficaz para atingir esses objetivos, mas não é o único. “As pessoas deveriam ler poemas, contos, romances, peças de teatro, crônicas, jornais, revistas. O hábito da leitura ensina e liberta o homem. Ele desloca-se do lugar-comum e passa a cidadão crítico, capaz de analisar a realidade circundante, o seu contexto social, com olhos mais sagazes. A literatura é uma fonte em que o leitor pode saborear acontecimentos e impressões e, dessa forma, romper e ampliar seu horizonte de expectativas.”

No Brasil, comemora-se o Dia Nacional da Poesia em 31 de outubro, data de nascimento do poeta mineiro Carlos Drummond de Andrade.

Até 2015, o Dia da Poesia no Brasil era comemorado de forma não oficial em 14 de março, homenageando Castro Alves. Só em junho de 2015 foi sancionada a Lei 13.131/2015, que estabeleceu oficialmente o Dia Nacional da Poesia.

As duas datas representam dois momentos em que se pode colocar a poesia em um lugar de destaque nas discussões cotidianas. Para a professora Dora Ney, é preciso aproveitar essas ocasiões para motivar as pessoas a lerem: “O site Domínio Público do Governo Federal está repleto de obras de grandes nomes da literatura mundial. Poucas pessoas acessam, é uma pena. Mas, para mim, esse recurso, embora excelente, não substitui o livro impresso. Sou traça de biblioteca. Gosto de tocar no livro, gosto do cheiro do papel. Tenho o estranho hábito de cheirar livros. Não sou única, há muita gente com essa mesma esquisitice”, admite.

 

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