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Professores e egresso do IFNMG trabalham na produção de medicamento para combater dengue e zika

Publicado: Quarta, 23 de Março de 2016, 09h06 | Última atualização em Quarta, 23 de Março de 2016, 09h55
Edjon, Ana Flávia e André realizam pesquisa na UFV
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Casados há nove anos, Ana Flávia Costa da Silveira Oliveira e André Silva de Oliveira, professores do IFNMG-Campus Almenara e doutorandos da Universidade Federal de Viçosa (UFV), não dividem apenas o dia a dia familiar. Eles são parceiros nos estudos em prol do desenvolvimento de remédios antivirais, especificamente contra flavivírus, família viral que inclui dengue, zika, vírus do oeste, vírus da hepatite C, febre amarela, entre outros.

Realizada na UFV, a pesquisa, conduzida pelo professor e coordenador do programa de pós-graduação em Agroquímica, Róbson Ricardo Teixeira, compreende compostos orgânicos sintetizados. “Essa é uma fase bem demorada, nessa biblioteca de compostos, se encontrarmos um composto eficiente, já é um grande avanço científico”.

A pesquisa já apresenta resultados importantes. De três classes distintas, foram encontrados quatro compostos eficientes, três apresentaram uma inibição de cerca de 50% e outro chegou a inibir em 100% o vírus do oeste do Nilo, que é causador da encefalite do Nilo Ocidental. O composto atua sobre uma enzima muito importante do vírus e que é bem conservada nessa família viral. A partir dos efeitos alcançados, a equipe espera atingir resultados semelhantes para os demais vírus. Os ensaios com os vírus da dengue e zika já começaram.

Do laboratório às farmácias

Inicialmente, a proposta do casal era trabalhar apenas com dengue, ela com epidemiologia, ele com vacinas. Mas a convite do orientador, Sérgio Oliveira de Paula, eles participaram da escrita do artigo “NS3 and NS5 Proteins: Important Targets for Anti-Dengue Drug Design”, que foi divulgado em 2014. A publicação promoveu uma parceria com a equipe do professor Róbson Teixeira, atual coorientador do casal. Dessa cooperação, foi elaborado o artigo “Natural Products as Source of Potential Dengue Antivirals”, também publicado em 2014.

A equipe está realizando, atualmente, em colaboração com a professora Rafaela Ferreira, da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), e com o professor Daniel Leal, da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes), a modelagem molecular, que consiste no estudo das reações químicas e no estabelecimento das relações entre a estrutura e propriedades da matéria. Essa compreensão pode permitir a formação de compostos mais eficientes para que se possa prosperar na produção do medicamento antiviral, mas o pesquisador André Silva alerta que se trata de um processo longo.

“O medicamento só é liberado no mercado quando se tem total segurança do seu uso. Trabalhamos com a inibição viral in vitro. Bons resultados nessa fase dão sinal verde para o início dos testes em animais, que é a fase pré-clínica. São quatro fases dentro da fase pré-clínica que delongam bastante tempo. Caso os resultados continuem favoráveis e não haja impedimentos financeiros ou estruturais, teremos o medicamento disponível dentro de cerca de cinco anos”, explica Silva.

O cenário ideal ainda não é, segundo o doutorando, uma realidade da pesquisa no Brasil. “Se as fases iniciais dos ensaios pré-clínicos levarem a bons resultados, é provável que a patente tenha que ser vendida para alguma indústria farmacêutica que tenha a estrutura e o recurso necessário para seguir com os trabalhos”, esclarece.

Compromisso com a saúde e educação

Apesar dos desafios, os pesquisadores estão motivados. A perspectiva da equipe é desenvolver um trabalho que não fique escondido numa gaveta, mas que sirva de instrumento para melhorar a saúde no Brasil. Por isso, André acredita que pesquisas que enfrentam diretamente problemas de saúde pública devem ser privilegiadas. “A conta é simples, sai mais barato conter as doenças. Se é gratificante? Com toda certeza, pensar que o nosso trabalho poderá contribuir efetivamente para o bem-estar das pessoas é muito gratificante”, afirma o cientista.

Com o estudo, todos saem ganhando, inclusive os alunos do IFNMG. “Eles também podem se tornar cientistas. As parcerias formadas são uma porta aberta para os nossos alunos. O estudante Edjon Gonçalves Santos, egresso do Campus Almenara, foi nosso orientado em um trabalho sobre leishmaniose. Ao finalizar seu curso, foi aprovado na graduação em Ciências Biológicas aqui na UFV e hoje é nosso parceiro nessa pesquisa. É aluno de iniciação científica no laboratório em que fazemos parte. O Edjon mostra que ‘ser cientista’ é uma realidade que pode ser bem próxima dos alunos do IFNMG”, destaca a pesquisadora Ana Flávia.

Também integram a equipe o professor Sérgio Oliveira de Paula, do Departamento de Biologia Geral, e a estudante de mestrado do Programa de Pós-Graduação em Agroquímica, Ana Paula Martins de Souza.



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