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Pesquisador do IFNMG publica resultados sobre últimos surtos de febre amarela em revista internacional

Publicado: Quarta, 13 de Março de 2019, 08h17 | Última atualização em Quarta, 13 de Março de 2019, 09h18
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Filipe Abreu em campo no Espírito Santo, durante coleta em primata encontrado morto na mata

 

No mês passado, fevereiro, a Organização Mundial da Saúde (OMS) emitiu um comunicado em que elevou o alerta sobre a febre amarela no Brasil e estendeu a área em que a vacinação é indicada para quem visita o país. Por trás dessa recomendação, estão as suspeitas da OMS de que o país esteja entrando em uma "terceira onda" de contaminação, depois dos surtos que ocorreram entre 2016 e 2018, com a doença progredindo em direção ao Sul e Sudeste.

O alerta da entidade, para além de preconizar a vacinação como principal medida de combate à febre amarela, vem ratificar a importância de pesquisas sobre a doença, como a que o biólogo e professor do IFNMG-Campus Salinas Filipe Vieira Santos de Abreu desenvolve no doutorado em Biologia Parasitária, do Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz), sob a orientação do professor Ricardo Lourenço de Oliveira.

Filipe explica que, quando iniciou a pesquisa intitulada “Primatas e mosquitos como fontes de infecções zoonóticas no Rio de Janeiro?”, em 2015, a proposta era investigar o risco da re-emergência da febre amarela no estado e nas fronteiras com São Paulo, Minas Gerais e Espírito Santo, e avaliar a permissibilidade do Rio de Janeiro à circulação do vírus que causa a doença. Além disso, ele pretendia investigar a possibilidade de os primatas (macacos) e os mosquitos silvestres (por exemplo os Anopheles sp.), estarem atuando como hospedeiros de outras doenças, como a malária.

No meio do caminho, o grupo de pesquisadores de que Filipe faz parte foi surpreendido pelo surto de febre amarela a partir do final de 2016, o mais severo das últimas décadas: “Obviamente, não sabíamos que a doença entraria tão cedo no estado (RJ). Ainda estávamos coletando os dados para fazer uma estimativa de quando isso deveria acontecer, mas já notávamos a grande presença e abundância dos vetores em quase todos os municípios amostrados”. Como as coletas, em macacos e de mosquitos, começaram no ano anterior, os pesquisadores envolvidos passaram a ter um retrato comparativo da situação, antes e durante os surtos.

Os grandes vilões

Alguns dos resultados mais relevantes da pesquisa desenvolvida pelo grupo integrado pelo professor do IFNMG acabam de ser publicados na revista científica Emerging Microbes and Infections. O artigo, que tem Filipe Abreu como primeiro autor, aponta os mosquitos silvestres Haemagogus janthinomys e Haemagogus leucocelaenus como os principais responsáveis pela transmissão de febre amarela nos surtos mais recentes no país. Foram analisados quase 18 mil insetos, de 89 espécies, capturados em cidades do Rio de Janeiro, Espírito Santo, Minas Gerais, São Paulo e Bahia de 2015 a 2018. Os mosquitos infectados foram encontrados em nove municípios, de três estados (MG, ES e RJ). Posteriormente, os pesquisadores compararam informações sobre os vírus encontrados nesses mosquitos e os vírus identificados em macacos e pacientes para chegar às conclusões apontadas no artigo.

Outro resultado relevante da pesquisa é que, entre os insetos analisados, nenhum Aedes aegypti ou Aedes albopictus, mosquitos que podem transmitir a febre amarela em zonas urbanas, estava infectado. O dado endossa a conclusão de que os últimos surtos ocorreram em função da transmissão silvestre da doença. Isso não significa, no entanto, que apenas pessoas que penetram em florestas e matas possam contrair a febre amarela silvestre. Há o risco também para quem frequenta áreas próximas a elas, já que os Haemagogus são capazes de se dispersarem por centenas de metros. Portanto, como enfatiza Filipe Abreu, a vacinação continua sendo a melhor e mais eficiente medida de prevenção da doença.

Ao permitir um maior entendimento sobre a dinâmica da disseminação da doença por meio dos mosquitos, a pesquisa integrada pelo professor do IFNMG pode colaborar para a criação de formas de vigilância e controle. “A partir dessas informações, é possível estabelecer melhores estratégias de vigilância, avaliar a receptividade de novas áreas à doença e calcular índices entomológicos que podem contribuir para prever novos surtos”, elenca Filipe.

 

Febre amarela

Filipe (à esq.) em campo junto a outros pesquisadores da equipe, com armadilhas para coleta de mosquitos

Dedicação ao doutorado

Com defesa da tese prevista para junho deste ano, Filipe enfatiza a importância de ter tido tempo para dedicar-se integralmente à pesquisa nos últimos anos. É que ele está afastado de suas atividades no IFNMG por meio do programa institucional de incentivo aos servidores que buscam a qualificação em programas de pós-graduação stricto sensu.

A disponibilidade de tempo também converteu-se em número de publicações: além do trabalho mais recente, divulgado na revista Emerging Microbes and Infection, ele contabiliza outros sete artigos publicados em periódicos científicos, desde que iniciou o afastamento, e outros estão em processo de publicação. Filipe reforça que, além de incrementar a formação e o conhecimento do professor, essas publicações científicas põem o nome do IFNMG em evidência, com reflexos positivos para a dimensão da pesquisa no Instituto.

 

Para mais detalhes sobre a pesquisa e o trabalho publicado na revista Emerging Microbes and Infection, confira matéria publicada ontem, 12/03, no site da Fiocruz, e  reportagem veiculada na última segunda-feira, 11/03, no Jornal Nacional.

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