Curso de Eletricista vai preparar egressos do sistema prisional para voltar ao mercado de trabalho

Representantes do IFNMG discutem com a gestora social da Unidade de Prevenção Social à Criminalidade, Vanessa Silva (à esq.), últimos                 ajustes para oferta do curso

Oferecer formação técnica e profissionalizante e favorecer a reintegração de egressos do sistema prisional na sociedade e no mercado de trabalho. Esse é o objetivo do Projeto Alvorada, que prepara a oferta, pelo IFNMG-Campus Montes Claros, da primeira turma do curso de Eletricista Instalador Predial de Baixa de Tensão, com 30 vagas para ex-detentos. O início do curso está previsto para o segundo semestre deste ano, a duração será de um ano.

O Projeto Alvorada é uma ação conjunta do IFNMG com a Secretaria de Segurança Pública de Minas Gerais, o Departamento Penitenciário Nacional (DEPEN) e o Ministério da Justiça e Segurança Pública. Para a oferta do curso, estão previstos recursos da ordem de R$ 664 mil reais em bolsas, a serem concedidas a professores, gestores e alunos. Essa será a primeira edição no IFNMG do projeto iniciado pela parceira entre o Instituto Federal de São Paulo-Campus Campos e o Centro de Tecnologia da Informação Renato Archer, e que passou a ser referência nacional, com previsão de ser implantado em 32 instituições, contando com recursos na casa de R$ 22 milhões para este ano.

A oferta do curso de Formação Inicial e Continuada (FIC) de Eletricista Instalador Predial de Baixa de Tensão foi definida a partir da demanda apresentada pelo Programa de Inclusão Social de Egressos do Sistema Prisional (PRESP) de Montes Claros. Serão formados profissionais qualificados para executar e manter projetos de redes elétricas prediais de baixa tensão. O instalador eletricista estará apto para atuar nos segmentos de construção civil, instalações provisórias em canteiros de obras, palcos de shows e execução de novas instalações elétricas atendendo as normas vigentes de qualidade e segurança. Além disso, fazem parte da capacitação o incentivo à ação empreendedora e o acompanhamento psicossocial, que acontecerão paralelamente à formação técnica.

Desafios

A gestora social da Unidade de Prevenção Social à Criminalidade, Vanessa Alves Silva,  explica que o PRESP tem como objetivo garantir o acompanhamento de homens e mulheres que retomam a vida em liberdade após experiência prisional, bem como o de seus familiares, buscando favorecer o acesso a direitos sociais e promover condições para sua inclusão social. Nesse contexto, ela afirma que “o Projeto Alvorada, além de proporcionar uma ação articulada entre diferentes atores da rede de proteção social e o Sistema de Justiça Social, proporcionará aos participantes uma oportunidade de formação/qualificação profissional e inserção no mercado de trabalho respeitando as singularidades do público”.

No IFNMG, o Projeto Alvorada será coordenado pela Pró-reitoria de Extensão e pelo Campus Montes Claros. “É um desafio muito grande! Um desafio muito especial desenvolver um projeto com essas pessoas que são egressas do sistema prisional e trazê-las para dentro do campus e promover sua inclusão. Enfatizamos que, ao adentrar no Instituto, eles não serão mais egressos do sistema prisional, mas alunos, e cabe a nós, como missão institucional, contribuir para a formação cidadã, por meio do ensino, da pesquisa e da extensão”, comenta a pró-reitoria de Extensão, professora Maria Araci Magalhães.

O coordenador geral do projeto no IFNMG, Rony Enderson de Oliveira, enfatiza o caráter transformador da ação: “É um projeto muito completo, com uma metologia de acolhimento que engloba não somente a formação e a preparação para o mundo do trabalho, mas todo o itinerário formativo do aluno, e contribui não apenas para a formação técnica e, sim, para a formação cidadã.”

O diretor-geral do IFNMG-Campus Montes Claros, professor Renato Cota, reconhece o desafio e a responsabilidade que será implementar esse projeto, mas está certo de que sua execução vai ao encontro da missão institucional do IFNMG, que passa pela transformação da vida das pessoas, dando a elas uma nova oportunidade. “Acreditamos que projetos como esse são essenciais para contribuir com a redução da vulnerabilidade social e para proporcionar novas oportunidades e horizontes a esse público, permitindo sua inserção no mundo do trabalho”, aposta.

De acordo com o Conselho Diretor da Fadetec, o projeto Alvorada, por ser uma ação interinstitucional, é um projeto desafiador para todos os envolvidos na sua gestão. Para aumentar os grandes nomes nesta ação, o Projeto Alvorada, conta ainda com a participação da Fundação de Apoio e Desenvolvimento do Ensino Tecnológico (Fadetec), que irá desenvolver a gestão interna do projeto. Após a restruturação da Fundação no ano de 2018, a nova gestão procura manter parceiras, estreitando laços com o ensino, pesquisa e extensão. "O Projeto Alvorada é mais um exemplo que estamos juntos para o crescimento institucional e regional", destaca o Conselho Diretor da Fadetec.