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Professora do IFNMG defende tese sobre a velhice e o trabalho no campo no médio Vale do Jequitinhonha

Publicado: Segunda, 14 de Janeiro de 2019, 17h24 | Última atualização em Segunda, 14 de Janeiro de 2019, 17h50
A professora Raquel de Oliveira Barreto, do Campus Araçuaí, defendeu em dezembro a tese “Cartografia dos modos de ser da velhice e do trabalho rurais no médio Vale do Jequitinhonha”. A pesquisa é um verdadeiro retrato da população idosa da região do médio Vale do Jequitinhonha que tira da terra o sustento de muita gente e a força para viver mesmo em meio a tantas dificuldades
imagem sem descrição.

“Você já viu alguém rancar algum balaio de verdura lá de dentro da cidade, dentro da cidade pra levar pro mercado pra vender? Eu vou aplaudir ele porque ele é um lavrador, porque é dos braços dele que sai o nosso sustento, né?”, disse seu Milton Granja ao referir-se à importância do seu trabalho como lavrador. Ele tem 67 anos, é morador da comunidade de Córrego da Velha, que se localiza a cerca de 31 km do centro urbano, e foi um dos 15 idosos que fizeram parte da pesquisa da professora Raquel de Oliveira Barreto, do IFNMG-Campus Araçuaí. Fruto do doutorado realizado na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e orientada pelo professor Alexandre de Pádua Carrieri, a tese, intitulada “Cartografia dos modos de ser da velhice e do trabalho rurais no médio Vale do Jequitinhonha”, teve como objetivo mapear como a velhice é experimentada pelos sujeitos que vivem em comunidades rurais do município de Araçuaí, a fim de a compreender seus modos de vida e de trabalho.

Para Raquel, a fala de seu Milton (foto ao lado)  revela a visão de um trabalhador rural que considera a velhice como uma conquista, como um direito adquirido diante de uma vida de luta e de sofrimento. Seu Milton “Ainda que enfrentando as dificuldades associadas aos longos períodos de seca que acometem a região e à precariedade do acesso às políticas públicas, o desejo, assim como dos demais, é de permanecer no campo, trabalhando. Ele fala sobre a importância da família e do trabalho e lamenta o fato de não ter tido acesso à escola formal. Um de seus netos é hoje aluno do IFNMG- Campus Araçuaí, algo que lhe traz muito orgulho”, aponta a servidora, que está no IFNMG desde 2015. Além de seu Milton e dos demais idosos, a pesquisa contou também com a participação de representantes do poder público municipal e de instituições da sociedade civil e religiosas. Todas as pessoas que compõem a pesquisa pertencem ao município considerado polo do médio Vale do Jequitinhonha: Araçuaí. A pesquisa foi realizada em cinco comunidades rurais: Gravatá de Cima, Tesouras de Cima, Santa Rita de Cássia, Córrego da Velha e Baixa Quente. “Durante um longo processo de mergulho na realidade desses sujeitos, visitamos as comunidades produzindo essas narrativas e conhecendo melhor a vida, a velhice e o trabalho rural em cada uma delas”, explica a pesquisadora.

A força do campo

Para Raquel, não existe uma única velhice, mas modos de ser velho, experiências singulares de vivência desse fenômeno em diferentes territórios. “No caso das comunidades rurais de Araçuaí, a realidade que encontramos foi a de sujeitos que sofrem com os longos períodos de seca na região, o que afeta seus modos de vida e de trabalho. São velhices marcadas pela precariedade do acesso às políticas públicas e que, mesmo em meio às dificuldades, desejam permanecer nesse território”, afirma a doutora em Administração pela UFMG. 

Ela ainda conta que homens e mulheres do campo se fortalecem por meio dos vínculos familiares, comunitários e religiosos. “São velhices que encontram, no trabalho com a terra, sua fonte de vida. Esse tipo de estudo nos permite, dentre outras questões, repensar as necessidades desses sujeitos e qual é o papel das políticas públicas destinadas aos idosos”, destaca.

Como servidora pública, a professora afirma que se tornou mais sensível às necessidades dos próprios anos e que, com a pesquisa, estará ainda mais aberta a estabelecer diálogos que sejam mais próximos e produtivos.

“A pesquisa me trouxe a possibilidade de conhecer melhor o território do qual passei a fazer parte quando me tornei servidora do IFNMG, especialmente do Campus Araçuaí. Sendo natural de Belo Horizonte, essa aproximação com a realidade não apenas me permitiu compreender melhor a cultura, as tradições e os valores que marcam a região, mas também vai me possibilitar pensar e atuar com mais propriedade dentro da minha área de conhecimento e interesse que é a Administração, em especial a Administração Pública. Foi um processo de muito aprendizado e crescimento, em todos os sentidos”, conta Raquel.

Foto Exposição

Ao final do trabalho, defendido no dia 14 de dezembro de 2018, foi produzido um foto-ensaio com o título "Velhices que brotam do/no semiárido mineiro", o qual é composto por uma série de fotografias dos idosos, de suas casas, de suas atividades laborais e de suas comunidades. As fotos foram tiradas pela aluna do curso de bacharelado em Administração, Jeane Doneiro, sob a direção de imagem da professora autora da tese

Agora, Raquel tem outros planos. Um deles, inclusive, é o de dar continuidade à pesquisa, abarcando outras problemáticas sociais. “Algumas publicações em periódicos nacionais e internacionais já estão em andamento e a expectativa é a de divulgar o máximo possível a nossa região, para que mais conhecimento seja produzido sobre ela e com ela. São muitos os planos, a publicação de um livro com as histórias e resultados da pesquisa com certeza é um desejo que, agora com a finalização do trabalho, vamos certamente tentar viabilizar”, revela.

Quem tiver interesse em ter acesso à íntegra da tese da professora Raquel pode solicitar à própria autora através do e-mail Este endereço de email está sendo protegido de spambots. Você precisa do JavaScript ativado para vê-lo.. Em breve, a tese estará disponível no Banco de Teses e Dissertações da Universidade de Minas Gerais, que poderá ser acessada no site da biblioteca: http://www.bibliotecadigital.ufmg.br/ . 

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