Professor do IFNMG fala sobre aquecimento global no III Encontro de Pajés na Aldeia Cinta Vermelha
Pajés das etnias Pataxó, Tapajós e Pankararú debateram sobre “Aquecimento Global e as consequências para os povos indígenas” e ouviram o professor Leandro Campelo, do Câmpus Araçuaí
O professor de Geografia Leandro Fabrício Campelo, do Câmpus Araçuaí do IFNMG, participou no último sábado (6/12) do III Encontro dos Pajés que teve como tema desta edição “Aquecimento Global: a questão da água”. Leandro foi convidado a falar aos pajés das etnias Pataxó, Tapajós e Pankararú sobre “Aquecimento Global e as consequências para os povos indígenas”. Cerca de 45 pessoas marcaram presença. A tribo Jundiba foi quem recepcionou o evento que aconteceu na Aldeia Cinta Vermelha, localizada a cerca de 25 quilômetros de Araçuaí (MG).
De acordo o professor Leandro Fabrício, os cerca de 38 indígenas que vivem na Aldeia Cinta Vermelha sofrem com a água salobra, apesar de a região em que estão ocupando ser banhada pelos rios Araçuaí e Jequitinhonha. Atualmente, a tribo Jundiba é atendida duas vezes por semana com dois caminhões de água potável. A aldeia está localizada no município de Itira (MG).
“Geólogos já fizeram perfurações e estudos e descobriram que a quantidade de sal na água é devido aos tipos de rochas dá região. A água encontrada ali é impropria para o consumo humano. Mas isso não impede que os índios a utilizem para a agricultura de subsistência. Eles estão procurando ajuda na busca de solução para o problema”, explicou Leandro.
O professor informou ainda que firmou compromisso com os pajés de apresentar em uma próxima oportunidade o que consta no quinto relatório Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC) no que diz respeito as consequências do aquecimento global para os povos que vivem da terra. O documento foi finalizado pelos cientistas do IPCC em novembro deste ano e está apenas na versão em inglês.
Território
Ainda segundo o professor Leandro Fabrício, a questão da terra é outra dificuldade vivida pelos pataxós da tribo Jundiba porque o processo para aquisição da área particular está parado na Justiça. Se não bastasse os indígenas sofrem com o constante assédio de empresas de mineração que tem manifestado diariamente interesse em explorar a área para obtenção de pedras preciosas. No entanto, o proprietário já afirmou que quer vender a terra para o uso dos indígenas para garantir a sua preservação. A Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucurí (UFVJM) ajudou a tribo pataxó com a produção de laudos e estudos para o processo que está parado na Justiça.
Rituais
Antes da abertura da mesa de debate sobre a questão da água pelos pajés e especialistas sobre o tema, todos foram convidados a participar do ritual do nascer do sol. Houve ainda apresentação artística de crianças da Escola Arthur Berganholi e a dinâmica em que cada participante se dirigia ao centro da oca para falar sobre a importância da água e das sementes. Ao final do evento, todos participaram do ritual de purificação da água e das sementes de plantas cultivadas na aldeia.
Além o professor Leandro, os professores Gabriel Pereira Lopes (Biologia), Theo Kieckbushch Mota (Sociologia) e Elaine Ferrari de Brito (Agronomia), todos do Câmpus Araçuaí do IFNMG participaram do encontro e conheceram as demandas sociais dos indígenas. Representantes da Fundação Nacional do Índio (Funai) e da Secretaria Especial de Saúde Indígena (Sesai) estavam presentes.
Criado em 10/12/2014
Redes Sociais