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Pesquisadores descobrem novo texto de Machado de Assis; professor do IFNMG é um deles

Publicado: Terça, 30 de Agosto de 2016, 16h37 | Última atualização em Segunda, 19 de Setembro de 2016, 14h03

É comum pensar que tudo já foi descoberto de um autor como Machado de Assis, tido como o maior nome da literatura nacional. Mas quem pensa assim está muito enganado. O professor Alex Sander Luiz Campos,  do IFNMG-Campus Almenara, e o bolsista do CNPq José Américo Miranda, do Programa de Pós-Graduação em Letras da Universidade Federal do Espírito Santo (UFES), descobriram um texto de crítica literária de Machado de Assis, originalmente publicado no Jornal do Commercio em 18 de dezembro de 1898, acerca do livro de poemas Procelárias, de Magalhães de Azeredo, que à época tinha 26 anos e era diplomata.

Os dois pesquisadores trabalharam durante aproximadamente dois meses até a publicação do estudo na edição de agosto da Revista Machado de Assis em Linha. O pesquisador José Américo Miranda explica como o texto foi encontrado. “Eu me deparei com o texto no curso das minhas pesquisas, que estou realizando em Vitória, no Espírito Santo. Depois de encontrado o texto, o professor Alex Sander Luiz Campos me ajudou na certificação de que o texto não era conhecido dos mais dedicados especialistas na obra de Machado de Assis. Então, tratava-se, na verdade, de um texto publicado por ele, mas que ficou 'esquecido', ou 'perdido', nas páginas do jornal em que foi publicado”, informou José Américo, que também é professor aposentado de Literatura Brasileira da Faculdade de Letras da UFMG.                                                                                                                                    

Alex Sander esclarece, ainda, que José Américo encontrou o texto crítico de Machado de Assis, lendo uma carta de Machado de Assis dirigida a Magalhães de Azeredo, escrita no Natal de 1898. “José Américo encontrou a referência a dois artigos que Machado dedicara ao livro de poesias de Azeredo, Procelárias. Um desses artigos, publicado na Revista Brasileira, era já conhecido dos estudiosos – já constava dos livros de Machado. O outro, publicado no Jornal do Commercio, era ainda desconhecido”, relata o professor do IFNMG, que, atualmente, encontra-se afastado por conta do doutorado.                        

Foto de Alex professor                                        Alex Sander é professor de língua portuguesa e literaturas de expressão portuguesa do IFNMG-Campus Almenara                                                                                                                                      e está no último ano do doutorado pela UFMG

Etapas da pesquisa

O processo de certificação de que o texto era mesmo desconhecido contou com a participação de Alex Sander, que pesquisou o Jornal do Commercio no acervo digitalizado da Biblioteca Nacional. De acordo com Alex, o andamento da pesquisa passou pela investigação da história editorial do texto crítico. Para isso, ele pesquisou inúmeras obras que servem de referência para quem estuda Machado de Assis, tais como a Bibliografia de Machado de Assis, de José Galante de Sousa, publicada em 1955, obras completas publicadas em momentos distintos pelas editoras W. M. Jackson, José Aguilar e Nova Aguilar e antologias. A obra mais representativa desse grupo, segundo Alex é, certamente, Dispersos de Machado de Assis, do pesquisador francês Jean-Michel Massa.

Em nenhuma dessas obras foi descoberta referência ao texto crítico recentemente encontrado. Tal contatação serviu como mote para o artigo “Um texto crítico de Machado de Assis”, publicado na Machado de Assis em Linha. No artigo, os pesquisadores concluem: “Até onde foi possível verificar, esse texto permaneceu esquecido pelos estudiosos do autor por quase 120 anos. Muito provavelmente, sua divulgação no presente número de Machado de Assis em Linha é a primeira depois da publicação original”.

O texto crítico de Machado de Assis sobre o livro de poemas Procelárias, de Magalhães de Azeredo, foi republicado na íntegra na edição da revista. Para Alex, a resenha foi uma avaliação positiva da poesia de Azeredo, que à época era muito jovem na vida e no universo literário.

Perfil de pesquisador

Alex Sander revela uma curiosidade: “Um grande estudioso de Machado me chamou a atenção, recentemente, para o fato de que, conservador e tão religioso que foi Azeredo, ter sido ele um dos modelos para a criação de um dos personagens mais famosos de Machado: o Bentinho, de Dom Casmurro”.

Paciência, estudo e dedicação são características que, segundo José Américo, contribuem para que pesquisadores realizem descobertas. Ele afirma que Alex Sander possui todas elas. “Ele é um grande conhecedor da obra e da fortuna crítica de Machado de Assis. Além disso, ele é um pesquisador extremamente cuidadoso, característica importante, quando o assunto é a recuperação de um texto de uma outra época - tarefa que exige paciência, estudo, concentração e dedicação”, expôs o pesquisador.

Foto José AméricoO professor José Américo atua junto ao Programa de Pós-Graduação em Letras da UFES e está bolsista do CNPq

Trabalho reconhecido

E não é só o companheiro de pesquisas que reconhece o empenho do professor Alex. Seus alunos são testemunhas da dedicação que possui como professor. Para a aluna Ana Paula Ribeiro, do 3º ano integrado do curso Técnico em Informática, do IFNMG-Campus Almenara, o professor Alex Sander é um excelente profissional que ultrapassava a docência em sala de aula e contribuiu também para a evolução dos alunos enquanto seres humanos. Ela o considera como uma materialização da crítica de Paulo Freire à atual educação bancária, em que o professor apenas deposita o saber e faz um saque na hora da prova, e explica o porquê: “Durante suas aulas, ele parecia se atentar para a ruptura da hierarquia aluno-professor, o que tornava o ambiente mais agradável. Com seu incentivo, desvendávamos mundos inéditos em nós mesmos. Em uma de nossas conversas, descobri que ele também foi aluno de escola pública e, mesmo com tantos impasses, conseguiu alcançar seus objetivos. Sem dúvidas, Alex Sander é uma inspiração!”, disse Ana Paula, que ainda informou que hoje se sente mais motivada a ler os textos de Machado de Assis por causa das aulas que teve com o professor Alex Sander durante um ano.

Outra ex-aluna de Alex Sander também confirma o empenho dele em sala de aula. E não esconde que foi por causa dele que se apaixonou por Dom Casmurro. “Ele é um ótimo professor e incentivador da leitura. Não tenho palavras para descrevê-lo”, disse Fernanda Pereira Oliveira, do 3º ano integrado do curso técnico em Zootecnia, também do IFNMG-Campus Almenara.

Foto Alex                                                          O professor Alex Sander (ao centro de verde) com seus alunos do IFNMG-Campus Almenara                                                                                                                        durante a simulação de um júri inspirado no livro "Dom Casmurro", de Machado de Assis  

Machado de Assis em Linha

A Machado de Assis em Linha é uma revista eletrônica, Qualis A1, dedicada aos estudos machadianos e editada por Marta de Senna e Hélio de Seixas Guimarães. Além do artigo escrito pelos professores Alex Sander e José Américo, a edição 18 traz mais onze textos.

Clique aqui para acessar a Revista Machado de Assis em Linha.

Clique aqui para acessar o artigo “Um texto crítico de Machado de Assis”. 

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