Portal IFNMG - Servidor do IFNMG recebe prêmio da Fiocruz por tese sobre febre amarela e malária; novas pesquisas serão feitas no Norte de Minas Ir direto para menu de acessibilidade.
Portal do Governo Brasileiro
ptenfrdeites
Início do conteúdo da página

Servidor do IFNMG recebe prêmio da Fiocruz por tese sobre febre amarela e malária; novas pesquisas serão feitas no Norte de Minas

Publicado: Sexta, 25 de Setembro de 2020, 07h32 | Última atualização em Domingo, 27 de Setembro de 2020, 15h25

O doutor pelo Programa de Pós-graduação em Biologia Parasitária do Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz) e professor do IFNMG-Campus Salinas, Filipe Vieira Santos de Abreu, faz parte do seleto grupo de vencedores do “Prêmio Anual IOC de Teses Alexandre Peixoto 2020”, que desde 2013 premiou 48 pesquisadores e visa distinguir trabalhos de elevado valor para o avanço do campo da saúde.

E foi com a tese intitulada “Febre Amarela e Malária: investigação de dois surtos zoonóticos no Sudeste brasileiro” (clique aqui para acessá-la), orientada pelo professor doutor Ricardo Lourenço de Oliveira e defendida 2019, que o servidor do IFNMG ficou entre os cinco premiados da edição 2020.

“A proposta desse trabalho era responder a algumas questões epidemiológicas acerca de dois agravos: a febre amarela e a malária, que causaram surtos recentes no Sudeste brasileiro, especialmente nas áreas de Mata Atlântica no Rio de Janeiro e em suas fronteiras com o Espírito Santo, São Paulo e Minas Gerais”, explica o pesquisador.

Para o orientador doutor Ricardo Lourenço, que é pesquisador titular da Fundação Oswaldo Cruz e possui experiência na área de Parasitologia, com ênfase em Entomologia e Malacologia de Parasitos e Vetores, o Filipe aceitou o desafio de investigar duas infecções que dependem do contato do homem com a floresta, porque são infecções zoonóticas, ou seja, de animais que podem passar para humanos.

“O trabalho do Filipe é inovador e tem muitas originalidades, com contribuições no campo da metodologia para capturar os macacos, para utilizar o coágulo, que antes era jogado fora. Ele criou esse método que foi todo padronizado e, hoje em dia, os laboratórios, inclusive, estão usando esse método em pacientes humanos”, disse o pesquisador. 

Premiacao

A cerimônia de premiação do Prêmio Anual IOC de Teses Alexandre Peixoto aconteceu virtualmente dentro da programação da Semana da Pós-graduação Stricto sensu; o doutor Filipe Vieira é o primeiro coluna superior na horizontal (da esquerda para a direita). Clique aqui ou na imagem para assistir à cerimônia de premiação 

Clique aqui para conhecer todos os premiados.

Das perguntas à premiação

Entre os questionamentos, a pesquisa buscou responder, segundo o estudioso, a perguntas como: quem seriam os principais hospedeiros vertebrados? Quem seriam os principais mosquitos transmissores? Como o vírus, no caso da febre amarela, se dispersaria? Quais rotas ele seguiria? Quais características genéticas esses vírus teriam? Já que não existia febre amarela há 80 anos no Rio de Janeiro, o estado estava receptivo à entrada do vírus?

“Começamos a investigar em 2015, e o vírus, de fato, reemergiu no Rio de Janeiro em 2017. A gente tem um retrato de antes da reemergência da febre amarela e durante”, aponta Filipe. Seu orientador fez questão de listar as principais contribuições da pesquisa para a sociedade brasileira e as principais competências do pesquisador no campo da ciência: “as metodologias novas que ele colocou em prática; a capacidade do Filipe em articular entre os diferentes laboratórios e campos de conhecimento; o caráter multidisciplinar do estudo; o mapeamento das áreas de transmissão desses dois agravos, mostrando quem eram os vetores e os reservatórios, o que não estava definido há 80 anos; e, por último, o Filipe mostrou que o vírus Zika não se transformou numa infecção silvestre, esse vírus continua sendo transmitido na cidade. Ele também não encontrou nenhuma evidência de que a febre amarela se transformou numa doença transmitida na cidade”.

Sobre o Filipe, seu trabalho de pesquisa e a premiação, o orientador não modera nos elogios, afirmando que pesquisador é um profissional muito bem qualificado e com uma visão holística em relação ao universo de transmissão de doenças, sobretudo, de doenças transmitidas por mosquitos. “Ele possui uma visão muito ampla e é um profissional muito bem qualificado com uma capacidade enorme de absorver conhecimento e transmitir. O Filipe é um dos poucos que eu conheço que merece um prêmio como esse. Eu sou orientador desde o início da década de 1990 e eu tive poucos alunos que tiveram o desempenho do Filipe. Ele é uma figura extraordinária. Ele é um profissional completo”, ressalta o orientador Ricardo Lourenço.

Como premiação, Filipe recebe um certificado referente ao Prêmio Oswaldo Cruz, com indicação do ano de premiação, e um apoio de até R$ 7.500,00 (sete mil e quinhentos reais) para participação em evento acadêmico-científico nacional ou internacional.

Desenvolvimento e relevância da pesquisa

Foto teseAo longo da pesquisa, foram feitas diversas expedições de campo para coleta de amostras de primatas não humanos e de mosquitos que são os hospedeiros tanto da febre amarela quanto da malária. O pesquisador destaca que, embora as espécies acometidas sejam diferentes, são sempre macacos ou mosquitos. “Conseguimos identificar os mosquitos que foram os vetores primários, conseguimos identificar os macacos que são reservatórios da malária e propusemos um método para captura mais eficiente desses macacos”, relata.

Sobre a importância desse trabalho, as descobertas permitiram compreender melhor a epidemiologia dessas duas doenças no contexto da Mata Atlântica. De acordo com o pesquisador, a febre amarela é mais comum na floresta Amazônica e não invadia essa área da Mata Atlântica há mais de 80 anos. “Muitas perguntas estavam sem respotas e conseguimos responder e compreender melhor como essa doença circula nessas áreas para fornecer subsídios para pensar nas medidas de controle, como vacinação e métodos de vigilância desses dois agravos, facilitando a proteção da população humana ”, defende o pesquisador.

Pesquisas continuam na área de abrangência do IFNMG

O professor já está atuando em novos projetos de pesquisa. Quer expandir essa linha de pesquisa para o Norte de Minas, considerando os biomas Cerrado, Caatinga e Mata Atlântica, que, conforme aponta, são pouco estudados. “Pretendo aplicar todo esse conhecimento que aprendi no doutorado no estudo da nossa região”.

Inclusive, o servidor teve aprovado um edital junto ao CNPq que vai fomentar uma pesquisa no valor de aproximadamente um milhão de reais. Desse total, R$ 300 mil destinam-se à investigação da febre amarela no Norte de Minas. “Vamos passar em várias cidades.  Todas as cidades que têm Campus do IFNMG serão amostradas. Vamos capturar mosquitos e primatas não humanos em todas essas regiãos para fazermos o monitoramento da febre amarela. Estamos trabalhando juntos para monitorar nas cincos regiões brasileiras ao mesmo tempo a circulação da febre amarela”.

O projeto aprovado neste ano caracteriza-se como multicêntrico e objetiva: utilizar ferramentas sorológicas, genéticas, matemáticas e tecnológicas para avaliar a prevalência, o risco e a dispersão do vírus da febre amarela em primatas não humanos e mosquitos; realizar a caracterização genômica do vírus; fortalecer a vigilância do vírus da febre amarela nas cinco regiões brasileiras; e realizar um trabalho educativo e de capacitação da população local sobre a doença.

Além disso, Filipe ressalta que todo conhecimento adquirido com a pesquisa no doutorado contribuiu ainda para a aprovação de mais dois projetos relacionados à pandemia da covid-19: um por meio de edital do CNPq no valor de R$ 759 mil reais; e outro por meio de edital Conif no valor de R$ 125 mil reais, em foi proposto o desenvolvimento de um aplicativo e de um sistema de triagem para testagem de pessoas.

Quem é Filipe Abreu?

Filipe PremiadoLicenciado em Ciências Biológicas e Mestre Parasitologia, com ênfase em Entomologia, ambos pela UFMG. Doutor em Biologia Parasitária pelo Instituto Oswaldo Cruz (IOC/FIOCRUZ), com período de doutorado sanduíche no Institut Pasteur de Paris com bolsa Capes-Cofecub. Atuou na área de ecologia química e comportamental de Aedes aegypti, e no desenvolvimento de armadilhas para coleta de vetores. Tem experiência nas áreas de zoologia - coleta e fixação e invertebrados - bioespeleologia e ecologia de vetores. É professor efetivo do Instituto Federal de Minas Gerais - Campus Salinas. Atualmente trabalha com zoonoses transmitidas entre mosquitos e primatas-não-humanos, especialmente com o estudo de febre amarela e sua epidemiologia, e malária de origem simiana, ambos em colaboração com o Laboratório de Transmissores de Hematozoários (LATHEMA) do IOC/FIOCRUZ. (Fonte: Currículo Lattes)

 

Fim do conteúdo da página