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Importância do apoio à pesquisa marcou a abertura oficial do VIII SIC

Publicado: Quarta, 24 de Abril de 2019, 12h26 | Última atualização em Segunda, 06 de Maio de 2019, 08h08

Sic mesa

Mais de 2,5 mil pessoas já haviam feito a inscrição no VIII Seminário de Iniciação Científica (SIC) do IFNMG até a noite de ontem, 23/04, primeiro dia do evento. O número, que é para lá de recorde nas edições do SIC, foi atualizado durante a cerimônia de abertura oficial, que aconteceu no ginásio do Campus Pirapora, pela coordenadora de Pesquisa e Inovação da Unidade, Rosemary Barbosa da Silva Moura. Mais do que um número grandioso para a história do Instituto e da pesquisa e educação no Norte de Minas, a grande adesão ao evento soa como uma resposta positiva a este momento em que a área de pesquisa sofre com a drástica redução de recursos públicos, em nível estadual e nacional. “Estarmos aqui hoje é sinônimo de nossa resistência, de nossa resiliência”, frisou a professora Rosemary em sua fala na abertura.

Também no sentido de resistência ao desmonte do setor de pesquisa no país, o pró-reitor de Pesquisa, Pós-graduação e Inovação, Rogério Mendes Murta, aproveitou o grande número de pesquisadores reunidos durante a abertura do SIC para conclamá-los a agirem em prol do fortalecimento das entidades nacionais de fomento. Sugeriu que pesquisadores e estudantes aproveitem o poder das redes sociais para frisar a importância desses órgãos. “Precisamos fortalecer nossas entidades de fomento, que estão fortemente ameaçadas”, disse Rogério, em referência, principalmente, à CAPES, CNPq e FAPEMIG.

O fato de um evento dessa magnitude estar acontecendo em uma cidade do Norte de Minas, uma região que, ao longo da história, tanto sofreu com o descaso público e o abandono, também não foi esquecido. Nessa medida, o IFNMG e a pesquisa na região também são sinônimos de resistência. “Muito me orgulha, como norte-mineira, estarmos em um evento em que não vamos apresentar nossos problemas, mas soluções”, disse a diretora geral do Campus, Joaquina Aparecida Nobre da Silva, em referência às respostas que os pesquisadores trazem ao evento por meio de suas pesquisas.

O reitor do IFNMG, professor José Ricardo Martins da Silva, lembrou a relevância da presença do Instituto nos “rincões das Minas Gerais”, como um dos “patrimônio mais importantes” que essas comunidades têm à sua disposição. Por isso, para além de servidores, estudantes e pesquisadores presentes, o reitor estendeu o seu convite a toda a comunidade do entorno do IFNMG: “temos muito a trabalhar para construir cada uma de nossas unidades”, conclamou.

Nas apresentações culturais que aconteceram durante a solenidade de abertura, resistência continuou sendo a palavra de ordem. Músicas, performances e dança, representadas e encenadas por alunos do Campus Pirapora e pelo grupo Araçá, falaram de empoderamento e não deixaram cair no esquecimento as vítimas dos rompimentos de barragens de mineração em Minas Gerais.

sic dança

Tragédia e aprendizado

As tragédias ocasionadas pelas barragens de rejeitos também foram a tônica da palestra magna que aconteceu na noite de ontem: “Desafios socioambientais e a contribuição das ciências: mineração e recursos hídricos”. Para abrir sua fala, o professor Bruno Milanez, do programa de pós-graduação em Geografia e do Departamento de Engenharia de Produção e Mecânica da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), declamou o poema “E agora, José?”, de Carlos Drummond de Andrade, que fala de solidão e abandono.

O professor da UFJF enfatizou que, principalmente após os dois últimos grandes episódios de rompimento de barragens, em Mariana e Brumadinho, Minas Gerais tem que reaprender a lidar com a mineração, que sempre fez parte de sua essência. Segundo ele, as tragédias aconteceram na proporção dos últimos acontecimentos porque, no estado, as mineradoras ganharam, ao longo dos anos, um poder desproporcional, o que inviabilizou um controle real e efetivo sobre suas atividades e, consequentemente, sobre a segurança das operações. Em primeiro lugar, de acordo com Bruno, esse poder é de ordem econômica, por meio da geração de empregos e de recursos que a atividade de mineração gera para o estado e os municípios. Há também, segundo ele, o poder imagético que a mineração exerce sobre toda a sociedade, que tem a ver com a própria vocação de Minas Gerais para a atividade - como o próprio nome do estado indica - e que costumar estar diretamente associado a progresso e desenvolvimento econômico. Por fim, Bruno Milanez lembra o poder instrumental das empresas mineradoras, por meio de financiamento de campanhas, indicação de pessoas para ocupar cargos em órgãos públicos e entidades ligadas ao setor.

Como frisa o professor da UFJF, nesse processo de reaprender a lidar com a mineração, que urge em Minas, a ciência tem um papel fundamental, nas suas mais diversas áreas. Como exemplos, ele cita o pesquisador das engenharias que vai estudar novas formas de aproveitamento dos rejeitos da mineração e os pesquisadores das ciências sociais que vão auxiliar os atingidos pelas tragédias a entenderem sua nova situação de vida e a buscarem formas possíveis de organização para lutar por seus direitos.

Em sua fala, Bruno Milanez (foto abaixo) também disse que, se as grandes corporações mineradoras não conseguiram aprender com os últimos grandes desastres, e deixaram que eles se repetissem, a população, sim, aprendeu bastante com as tragédias. Aprendeu, por exemplo, a enxergar uma bacia hidrográfica de forma integral e que todos os que vivem nela são impactados quando algo atinge um dos pontos dessa bacia. “Como os moradores de Pirapora poderiam, um dia, imaginar que deveriam se preocupar com o que acontece lá em Brumadinho?”, disse, em referência aos possíveis impactos, para o Rio São Francisco, do derramamento de rejeitos da barragem da Vale que seguiram pelo afluente Rio Paraopeba. Da mesma forma, uma visão global de bacia hidrográfica ficou clara quando moradores do litoral do Espírito Santo sentiram os impactos do vazamento da barragem de rejeitos da Samarco, em Mariana, na medida em que o Rio Doce desaguou no mar a lama tóxica que carregava com ele.

Bruno Milanez

Outro grande aprendizado, segundo o professor de Geografia, foi que, se a pessoa mora em Minas Gerais, a mineração está mais próxima dela do que imagina, mesmo que não saiba. Por isso, o problema é de toda a população e todos devem estar empenhados em não deixar as tragédias caírem no esquecimento.

Programação até sexta

Paralelamente ao VIII SIC, o Campus Pirapora sedia outros dois eventos ligados à pesquisa, o I Seminário do ProfEPT - Programa de Pós-Graduação em Educação Profissional e Tecnológica, que oferta mestrado profissional e tecnológico em rede nacional, sendo o IFNMG um dos ofertantes – e o VI Prospectar, que tem por objetivo promover a troca de experiências sobre políticas e ações para captação de recursos para pesquisa e implantação de cursos de pós-graduação nos institutos federais. A programação no Campus Pirapora segue até a próxima sexta, dia 26.

Para mais informações, acesse o site do evento: www.even3.com.br/sicpirapora.

sic público

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