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Estudante do Campus Diamantina é premiada com paródia de poema de Manuel Bandeira

Publicado: Quarta, 09 de Outubro de 2019, 15h22 | Última atualização em Quarta, 09 de Outubro de 2019, 17h29
O concurso fez parte das comemorações aos 20 anos do título concedido a Diamantina pela Unesco como “Patrimônio Cultural da Humanidade” e da 5ª edição do Festival de História (fHist), que neste ano aconteceu em Diamantina
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Com uma releitura do poema “Vou-me embora pra Pasárgada”, do poeta modernista brasileiro Manuel Bandeira, a estudante Tainara Silva Almeida, do 2º ano do curso técnico integrado em Informática do IFNMG-Campus Diamantina, venceu o Concurso de Desenho e Produção Escrita na categoria “Paródia”. Promovido pelas secretarias de Educação e de Educação Patrimonial da Prefeitura de Diamantina, o concurso teve como público-alvo alunos das escolas municipais, estaduais, particulares e do IFNMG, única instituição federal que oferta ensino médio em Diamantina.

O concurso fez parte das comemorações aos 20 anos do título concedido a Diamantina pela Unesco como “Patrimônio Cultural da Humanidade” e da 5ª edição do Festival de História (fHist), que neste ano foi em Diamantina, de 02 a 05 de outubro, com o tema “Histórias do povo brasileiro”. A premiação dos estudantes vencedores aconteceu na manhã do dia 03 de outubro no Espaço Diamantina, local onde ocorreram todas as atividades da programação do fHist 2019.

E falando em história, Tainara fez e está fazendo história. A paródia que fez, com o título “Vou-me embora pra Diamantina”, foi bastante aplaudida ao ser apresentada para a plateia presente na premiação. “Foi maravilhoso, pois o momento gerou uma comoção na comunidade local, sobretudo nas pessoas que nasceram e vivem em Diamantina, porque são pessoas que têm esse sentimento de pertença já muito desenvolvido”, contou a professora Marli Silva Fróes, que, como professora de Português e Literatura, supervisionou os trabalhos elaborados pelos estudantes do Instituto, incluindo o de Tainara.

A emoção relatada pela servidora foi provocada pela criatividade e competência com as quais Tainara conseguiu reunir, ao longo dos versos, o patrimônio histórico, as paisagens, os cenários, os espaços importantes de Diamantina e seus personagens históricos, como Xica da Silva e Juscelino Kubitschek. Durante a apresentação da paródia, no dia da premiação, os versos com todos esses elementos receberam a companhia das notas musicais dedilhadas pelo músico Málter Ramos, que também é professor de Português e Literatura do Campus Diamantina. Ao término da declamação da aluna, Málter cantou o hino da cidade de Diamantina. “Muita gente chorou de emoção”, disse a professora Marli.

Inspirada pelo amor a Diamantina 

Tainara tem 17 anos e já conquistou menção honrosa na categoria infanto juvenil do I Prêmio de Poesia SPA, em 2017. No ano passado, ela foi classificada em 2° lugar na segunda edição desse mesmo concurso. Mas foi com Concurso de Desenho e Produção Escrita que ela venceu sozinha, já que na categoria paródia apenas um aluno seria selecionado. Tainara concorreu com estudantes de escolas municipais, estaduais, particulares e do IFNMG.

Questionada sobre como veio a inspiração para escrever o poema vencedor, ela não só respondeu como expressou o seu sentimento por Diamantina: “Eu estava um pouco confusa sobre como fazer uma paródia. Mas comecei a procurar um texto que servisse de base quando uma amiga, dentre as sugestões de possíveis textos, lembrou-me do poema de Manuel Bandeira: ‘Vou-me embora pra Pasárgada’. Li esse poema, peguei um lápis e um caderno, parei de estudar pra prova de matemática, que era no dia seguinte, despertei meu eu lírico e em menos de uma hora a paródia estava pronta. Acredito que a inspiração para as palavras de meus versos tenha vindo do amor que eu sinto por Diamantina. Falei apenas o que eu realmente vejo ao andar por pelas ruas, ao conviver com essa gente, ao ter contato com essa história tão bem preservada e ao relembrar alguns personagens tão marcantes na história não só daqui, mas do Brasil todo”.

A coragem de colocar no papel o que sente por Diamantina oportunizou a Tainara, além de reconhecimento, uma viagem a Brasília-DF com acompanhante. A professora que supervisionou o trabalho também será premiada com uma viagem para uma cidade turística de Minas Gerais e foi convidada a acompanhar a estudante em Brasília.

PremiaçãoDa esquerda para a direita: o jornalista Otto Sarkis,um dos organizadores do Festival de História; a professora Marli Fróes; a coordenadora Flor Murta, do Campus Diamantina; e a aluna premiada, Tainara Silva Almeida

Um troféu para o IFNMG e para Diamantina

Para o diretor-geral do Campus Diamantina, Júnio Jáber, Tainara é uma aluna fantástica, que produziu um belo e profundo texto sobre a conservação e educação patrimonial, numa cidade histórica tombada como patrimônio da humanidade. “A vitória de Tainara é um troféu para o IFNMG, porque demonstra que o Instituto está antenado com as produções locais e regionais com o propósito de estimular uma produção concatenada com a realidade que o estudante vive e participa. Concursos assim são um convite ao aluno a olhar para além do Campus Diamantina”, destaca o diretor-geral, que fez questão de ressaltar a importância de ações como essa, concretizada  a partir do envolvimento de professores  como a Marli e o Málter e a partir da relação entre Prefeitura de Diamantina, escolas e o Festival de História.

Para um dos organizadores do Festival de História, o jornalista Otto Sarkis, o envolvimento com as crianças e adolescentes da rede educacional em torno do tema Diamantina Patrimônio da Humanidade foi um dos pontos altos do evento. “O Festival de História é ‘filho’ da campanha que levou à conquista do título da Unesco pela cidade. O título considerou não só o conjunto arquitetônico colonial, mas levou em conta também as especificidades do povo diamantinense, que pelas características históricas traz em seu conjunto de ‘arquétipos’ um vetor artístico, poético, musical, plástico. O concurso promovido junto com a prefeitura representou todas estas circunstâncias desta cidade que tem a mágica de nos fazer melhores, cada vez que passamos por ela”, destacou o jornalista.

Se a cidade de Diamantina tem o poder de tornar as pessoas melhores, como afirma Otto, um poema sobre ela poder uma expressão dessa capacidade. E foi acreditando nisso que Tainara que segue escrevendo. “Apaixonei-me por poesia. É algo que, a meu ver, deixa o mundo um pouco mais belo e iluminado, principalmente no nosso contexto atual de tanta obscuridade”, aponta a estudante.

Ela tem razão, ao ler seus versos em “Vou-me embora pra Diamantina”, o olhos ganham o poder para enxergar poesia em elementos cobertos pela poeira da indiferença cotidiana. O comum se torna extraordinário, torna-se poesia.

Saboreie este poema:

Vou-me embora pra Diamantina
Tainara Silva Almeida

Paródia do poema "Vou-me embora pra Pasárgada", de Manuel Bandeira

Vou-me embora pra Diamantina.
Lá descanso encontrarei.
Subirei por aquelas serras
e boa música ouvirei.
Vou-me embora pra Diamantina.

Pra Pasárgada? Que nada!
Lá não serei feliz.
Vou para o topo das Minas.
Pisarei sobre aquelas pedras
que histórias tantas carregam.
Entrarei em casarões antigos
de exuberante beleza.
Em cachoeiras cristalinas
espantarei a tristeza.
Tirarei "selfie" com Juscelino
e com a Chica sentarei à mesa.
Vou-me embora pra Diamantina.

Pelo morro do capeta,
chegarei ao Bom Jesus.
Descerei ao Largo Dom João,
passarei na Igreja da Luz.
Descendo a rua da Glória,
à Catedral hei de chegar.
Parando lá na Quitanda,
para a Vesperata escutar.
E no fim dessa andança toda
muita cultura irei encontrar!
Vou-me embora pra Diamantina.

Tombada pela UNESCO
como patrimônio cultural,
suas pedras contam uma história
rica, sofrida e surreal.
De diamantes encontrados,
de tantos negros escravizados
e de um histórico Arraial.
Vou-me embora pra Diamantina.

Todo mundo sempre pergunta
Sobre como lá chegarei.
Subirei Brasil afora,
pelo Itambé me guiarei.
No mesmo caminho por onde chegaram
os enviados do rei.

Veja só se não há motivos
para patrimônio ser?
Se Bandeira a conhecesse,
bandeirante ia querer ser.
Para desbravar estas serras,
viver feliz nesta terra
e Pasárgada esquecer.
Vou-me embora pra Diamantina.

Clique aqui para ver o vídeo da premiação.  

Clique aqui para conhecer o poema de Manuel Bandeira “Vou-me embora pra Pasárgada”.

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